domingo, 10 de dezembro de 2017
Existo e sofro
Existo e sofro, mas não sofro por
existir, não é a dor o sentimento perpétuo que me mantém de pé sob a
estrada de vidro e fogo, a dor é o alimento que fortalece a casca, é a
água desesperada que mata a sede involuntária, sentimento pré-histórico
que privou o homem de uma desgraça maior, se ainda existo é porque a dor
me ensinou como me manter vivo, enquanto a alegria me dava um porque de
continuar vivo!
Minha biografia
Minha biografia começa com “aqui jaz”,
E não passa de um relato de incontáveis mortes
Quero morrer e não mais acordar,
Quero que enfim a terra possa me levantar,
Meus sonhos são de morte, minha vida é um pesar
O que seria dos meus olhos se pudessem falar,
O corpo falha, a alma se cala
Não importa o tempo o cheiro não muda
Grande falha branca e desnuda,
Se não durmo é não como é por amor
Mas isto... isto é apenas dor
domingo, 10 de setembro de 2017
Animais a deriva
Somos animais a deriva em uma jangada furada, devoraremos até mesmo a
sombra do próximo para nos mantermos de pé, somos o ponto preto da
terra, somos a mancha que cobre a terra, nossa alegria vem em doses
diárias, embalsamadas sobre aquilo que nos destrói, nossas fadas são
demônios, nossos deuses miseráveis, nossa fome tem sede e nossa sede não
tem onde se afogar, qual é a estrada para o caminho incerto? Pois este
que se diz correto só quer nos apunhalar , chove facas, venta flechas e
espadas e a proteção das muralhas é uma ilusão que já não cabe em nosso
olhar. Há sangue nas ruas, uma areia movediça de sentimentos
impróprios, logo o sol esfria e a noite esquenta, logo a garrafa se
cansa e arrebenta, no labirinto de nossas cabeças a salvação é não
acordar.
Real amor
Recolherei as pedras das praias desertas
Contarei os grãos de areia das ilhas mais belas
Criarei asas e esferas
Para sorrindo realizar teus desejos,
Pois estas feras que nos cercam
São os degraus que nos levam
Para o sonho do real amor
Contarei os grãos de areia das ilhas mais belas
Criarei asas e esferas
Para sorrindo realizar teus desejos,
Pois estas feras que nos cercam
São os degraus que nos levam
Para o sonho do real amor
Não importa
E agora não importa se a noite cai ou amanhece
Se a lua se encheu e o sol não mais me aquece
O vazio é um calendário de dias sem datas
É um amontoado de latas de sobriedade
O meu leito grita
Onde estas?
E o eco responde
Ficou para trás
Os pés sangram e recuam
Os olhos se dobram e simulam
Os braços flutuam
Pois o real é uma tristeza gratuita e gorfada
O meu leito grita
Onde estas?
E o eco responde
Não dormiras
Ascendo minha face com a brasa de meu cigarro
Deformo-me enquanto me alimento de escárnio
Pois não desperto deste sonho macabro,
Devo estar acordado
O meu leito grita
Onde estas?
E o eco responde
Morrerás
Se a lua se encheu e o sol não mais me aquece
O vazio é um calendário de dias sem datas
É um amontoado de latas de sobriedade
O meu leito grita
Onde estas?
E o eco responde
Ficou para trás
Os pés sangram e recuam
Os olhos se dobram e simulam
Os braços flutuam
Pois o real é uma tristeza gratuita e gorfada
O meu leito grita
Onde estas?
E o eco responde
Não dormiras
Ascendo minha face com a brasa de meu cigarro
Deformo-me enquanto me alimento de escárnio
Pois não desperto deste sonho macabro,
Devo estar acordado
O meu leito grita
Onde estas?
E o eco responde
Morrerás
Todas as manhãs
Todas as manhãs sonho que já é tarde
São teus olhos meu desejo de luar
Que cada minuto se torne mais um dia
E a cada dia eu viva a lhe amar
São teus olhos meu desejo de luar
Que cada minuto se torne mais um dia
E a cada dia eu viva a lhe amar
terça-feira, 18 de julho de 2017
A sombra
A sombra me segue,
Mas não repete o que faço,
É um fantasma
Um prisioneiro escasso
Que mesmo seguindo meus passos
Possui o valor das tuas próprias
vontades
O reflexo de minha sombra
É uma nódoa sem expressão
Mas diferente de mim possuiu coração
E não desaba quando sente o vento
passar
Por de baixo da carne
Por de baixo da carne
Ainda reside a ferida do ser
As lágrimas ainda coagulam o sangue
Algo ainda quer perecer
Ainda reside a ferida do ser
As lágrimas ainda coagulam o sangue
Algo ainda quer perecer
Banho-me da seiva da abobada
Mas os raios me cegam
Perco-me na inexistência existente
Pois as dores me cercam
Mas os raios me cegam
Perco-me na inexistência existente
Pois as dores me cercam
Do inferno sou porteiro
Pois o céu me fechou as portas
E nessas horas é melhor despertar
Pois o céu me fechou as portas
E nessas horas é melhor despertar
Mesmo que os braços estejam ausentes
Os laços são presentes
E bem maior não há
Os laços são presentes
E bem maior não há
quinta-feira, 22 de junho de 2017
A Noticia
Vagamos em
um novo limbo que agora tem mobilha e habitantes, nossas sombras nos seguem,
mas agora por maldição e mesmo assim se negam a repetir o que fazemos, somos
nós os prisioneiros escassos de virtudes descartáveis, somos nós as flores
malditas de um jardim esquecido. Nossas vontades são fúteis e nossas grandezas pequenas,
quem dorme tem medo e quem acorda foge do imaginário , quem come mata, fortes e
corajosos são os que morrem de fome, pois mostram os dentes para o sol e
blasfemam para toda nuvem sem forma.
Oh sol
porque tarda a nos queimar, oh lua porque não congela nossas almas de uma vez,
somos incapazes de sermos livres de toda forma, o fim talvez seja um novo
começo ou apenas uma miserável repetição de dores que se moldam para nos
apunhalar dia a pós dia.
A noticia de hoje é morte e seqüestro, corrupção e tudo mais que não presta, mas eu lhes pergunto; essa não era a noticia de ontem e de antes de ontem, de anos atrás?O novo parece tão ilusório quanto unicórnios e a salvação divina. E a ampulheta torna a girar.
A noticia de hoje é morte e seqüestro, corrupção e tudo mais que não presta, mas eu lhes pergunto; essa não era a noticia de ontem e de antes de ontem, de anos atrás?O novo parece tão ilusório quanto unicórnios e a salvação divina. E a ampulheta torna a girar.
terça-feira, 6 de junho de 2017
Amo, pois te amo
Amo, pois te amo
Sem medida e sem peso
E não há nenhum segredo
Quando adentramos no olhar
Amo, pois te amo
Como estrela ama o luar
E desperta para sonhar contigo
Pois sonha mesmo ao acordar
Amo, pois te amo
Mais perdoe-me se eu errar
Tropeço em encantos
Enquanto busco o céu para lhe dar
Iniciante
Entre excessos e picos expressos
Teus beijos e abraços submersos
Lavam minh’alma
Antes de a abobada celeste chegar
E não vivo sem tua luz
Que dorme em teus braços
E não desperta sem teus afagos
Teus beijos e abraços submersos
Lavam minh’alma
Teus olhares me flecham
E os furos não fechamAntes de a abobada celeste chegar
A febre é o ópio que se põe como sol
Tu és o astro e eu o girassolE não vivo sem tua luz
Farol que guia o navegante
Um amante inicianteQue dorme em teus braços
E não desperta sem teus afagos
terça-feira, 25 de abril de 2017
No hino da lira
Durma meu anjo,
Pois o sono do poeta já não dorme
Delira no hino da lira do teu suspirar
Dança no vácuo, no breu
De sonhos brilham os olhos do ilusório Odisseu
Que vai amando o amor que dorme para logo despertar
Oh, mas mesmo sem tempo o tempo passa
A despedida dói, pois a lâmina é escassa
E o anseio começa muito antes do luar
Que o sol não tarde, que a chuva não nos veja
Que teus sonhos sejam intensos e em seus olhos sempre esteja
Pois em cada suspiro teu o poeta pode enfim repousar
quarta-feira, 5 de abril de 2017
No sangue o vermelho
Feri os olhos
da ignorância
Para sorrindo
cavalgar no que antes era meu fardo
A depressão
nos olhos da massa
É a mesma em
qualquer canto do mundo
Mas aos meus
olhos flamejam e reluzem,
Pois aceitei
ser melhor que ela
Superei
Hoje os
campos daquela flor não me remetem a nada
São apenas
flores cujo aroma desconheço
Minha heroína
é quem amo
Carrego no
sangue o vermelho que não me esqueço
segunda-feira, 27 de março de 2017
Entre o ar de pequenos aplausos
Era um
regato cujo reflexo não se vê
O aroma não
se sente
De uma forma
que não pode se tocar
O ópio lhe
trocava o sangue
A chuva lhe
cortava a pele
E nem o
diabo queria lhe salvar
Por entre o
ar de pequenos aplausos
Por entre o
globo de olhos luminosos
Na lacuna
deixada pelo luar
Em meio ao
fim o começo estava lá
Flor de
todos os perfumes
Ave de todos
os vôos
Sol de todas
as noites
Amor maior
que todos meus amores
terça-feira, 21 de março de 2017
Oh minha doce pátria
Oh minha doce pátria embalsamada em miséria e desgraça,
Onde estão os filhos do solo gentil?
Onde está a gentileza?
Outrora no teu seio nasciam frutos,
Mas agora teus frutos não deixam que teus filhos nasçam,
Oh minha doce pátria,
Tuas aves soberanas foram extintas
E as que sobraram são como ratos e se alimentam de mim,
E assim logo serei extinto.
Oh minha doce pátria,
O teu crescimento é o maior declínio
Tua sede é seca,
E tua fome se alimenta de nós.
Oh Deus!
Onde baterá tuas asas agora?
Onde cantará teu coro?
Talvez tenha desistido de nós,
Eu também desistiria...
A culpa é mera ilusão,
Mas ainda assim me faz chorar.
Sou um cão de testes indo ao psiquiatra,
A dose é forte demais,
Já não lembro meu nome.
Onde estas tu pátria amada?
Ergui teu castelo e agora sou flechado;
Por um guarda cego que outrora beijou minha mão,
Outra foi meu irmão,
Mas agora... Mas e agora?
sexta-feira, 17 de março de 2017
Todas as formas
Como areia se desdobra
E de todas as formas
Arranca-me o palpitar
O peito querendo carinho
Outrora vagava sozinho
E agora sorri repousando sob o teu luar
Aos olhos que se abrem pelos raios do teu sol
E contemplam a alvorada antes do primeiro toque
Aos olhos de sol que se abre com teus raios
E energizam o luar como um divino girassol
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017
Por entre
Deitar-me-ei
no bálsamo dos teus braços
Enquanto o íntimo dos teus olhos me conduz,
O peito palpita enquanto borboletas voam em segredo
E por entre risos e beijos, cintila o luar
A chuva banha nossas almas em dias de acaso
Enquanto o afago dos teus abraços me seduz,
Asas de fumaça em nossas cabeças de brasa
Brisa suave da companhia que me faz sonhar
Enquanto o íntimo dos teus olhos me conduz,
O peito palpita enquanto borboletas voam em segredo
E por entre risos e beijos, cintila o luar
A chuva banha nossas almas em dias de acaso
Enquanto o afago dos teus abraços me seduz,
Asas de fumaça em nossas cabeças de brasa
Brisa suave da companhia que me faz sonhar
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
Desconhecido
E aquela voz que nunca ouvi
Se prende a memórias que ainda não tive,
Enquanto sonho acordado
Com tudo que não existe e me seduz
Mantenho beijos em conserva
Para que meus lábios possam lhe esperar
Sem sofrer com o tempo,
Pois da chuva que não cessa
Nasce um rio de esperanças brilhantes
Que nos conduz ao âmago do real prazer
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017
Baterias e Pilhas
O canto das
aves agora é elétrico
E não possui
mais seu valor
A água perdeu
o teu reflexo
E as flores
cheiram a dor
No amontoado
de inutilidades
Alimentam-se
seres mórbidos
Que choram
por suas vaidades
E dormem sem
os teus olhos
Nuvens engarrafadas
se afogam em solidão
O nada agora
é tudo
As formas
não possuem mais vastidão
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
Onde estão os devaneios?
Banhe-me Orfeu,
Pois meus olhos sangram
E meu corpo carece do imaginário
Há um nó em minhas veias
Cujo minhas mãos atrofiadas
Rompem-se ao tentar desfazer
Onde estão os devaneios?
Talvez os sonhos estejam adormecidos
Ou aprisionados pelo real,
Pois na mente de toda existência
Habita algo torpe e insaciável
segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
Cambraia
Ao cair da noite você vem
Com teu vestido de cambraia,
Teu brilho reluz como o astro na deserta praia
E ofusca até mesmo o divino luar,
Meu peito palpita ao lhe avistar...
Com teu vestido de cambraia,
Teu brilho reluz como o astro na deserta praia
E ofusca até mesmo o divino luar,
Meu peito palpita ao lhe avistar...
E ao som incompreensível de toda explosão
A seda balança,
Move-se como os pés em uma dança
E cintila, pois não pode se apagar
Ofuscando assim até mesmo o divino luar,
Meu peito arde ao lhe avistar...
É sempre bom lhe encontrar
quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
Na Busca Aérea
Na busca hora aérea,
Hora submersa
Pelo âmago da loucura
O ser se vê cercado por abelhas carnívoras
E flores veganas
Na selva do sonho oculto.
“Despertai, acordai”
É o som que emite o cerne do ser a cada palpitar
Escutai e lembrai,
Pois a voz que fala, também se cala
E Sobre o silêncio serás apenas tu e o eco
Revezando um divã qualquer...
Em lugar nenhum.
sexta-feira, 6 de janeiro de 2017
Até Quando
Uivei, rugi,
Mas não Fugi,
Pois o trovão que ofuscava minha aura,
Foi o mesmo que me fez despertar,
Bendita percepção que me abrem as portas.
Oh, mas a brasa ainda fere os pés alheios
E o povo que era guerreiro se põe a chorar,
Teus símbolos e sinais agora são falhos
Pedras ao vento na esperança que acerte alguém...
Ou algo qualquer que lhes traga esperança.
Vejo a distância uma sombra medrosa que se refugia
E o povo que outrora cantava agora tem agonia... Do próprio reflexo,
Castelos se erguem alimentados pela fome,
O cajado que outrora dividiu agora reluz solitário
Malogrado o povo novamente chora,
Na esperança de um dia abrir as portas de casa.
A Criatura
Sorriu assustada a
pobre criatura solitária
Ao encontrar seu semelhante,
Aos berros indecifráveis
O eco confuso vagava pelos cantos da própria
Loucura tentando repousar,
Mas já era de virar a ampulheta,
E assim se foi um luar sem a divina lua.
Oh mas para onde foram os abutres,
Talvez até a morte se canse,
E assim a criatura prolifera,
O riso se torna fera
E o eco quase não pode mais falar,
Mas já era hora de virar a ampulheta,
E assim se vai um dia ensolarado sem o divino sol.
A criatura agora não sabe diferenciar a própria sombra,
A chama que dança lhe assombra,
E tudo que queria era o silêncio escutar,
Mas este assim como o eco partiu para bem longe,
Para onde a criatura não pode alcançar.
Ao encontrar seu semelhante,
Aos berros indecifráveis
O eco confuso vagava pelos cantos da própria
Loucura tentando repousar,
Mas já era de virar a ampulheta,
E assim se foi um luar sem a divina lua.
Oh mas para onde foram os abutres,
Talvez até a morte se canse,
E assim a criatura prolifera,
O riso se torna fera
E o eco quase não pode mais falar,
Mas já era hora de virar a ampulheta,
E assim se vai um dia ensolarado sem o divino sol.
A criatura agora não sabe diferenciar a própria sombra,
A chama que dança lhe assombra,
E tudo que queria era o silêncio escutar,
Mas este assim como o eco partiu para bem longe,
Para onde a criatura não pode alcançar.
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