quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Distração

Certa vez vi a mocidade em pranto devorando a própria carne, cuspindo o fruto e se engasgando com a semente, cega de sentidos, tua carência era teu veneno e tua volúpia era tua verdadeira morte, uivava como uma cadela no cio enquanto os corvos riam como hienas do que ela achava ser sua desgraça, eu vos falei que o pior de todos os prazeres deve ser chamado: distração. Está é a verdadeira desgraça, a venda de espinhos sobre os olhos destes seres artificiais já cegos de corpo e alma. Meus caros filhos desta terra sintam a tua alma, escutem a tua alma, dancem com as melodias desta musa de mil faces que levam as folhas pra longe, sigam para o longe, quebrem tuas correntes e voem para o lugar onde nem a mente pode sonhar e façam deste sonho metafísico o seu lar, pois é somente lá que teus olhos sentiram a luz e saberão a verdadeira face da escuridão... E assim compreenderam o quanto ela é linda. E ao fim destas palavras a mocidade chorava, gargalhava, e saltitava, recitava poemas de outrora de baixo para cima para provar que estava agora a ver o mundo às avessas, teus olhos que estavam a poucas horas guardados sobre as sete chaves agora reluziam como estrelas... estavam agora no seu devido lugar.