sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Sinto falta das tardes

Sinto falta das tardes,
Mas agora nas grades não vejo mais o sol
Oh, outro dia a paisagem me sorria
Mas agora nem uma estrela me guia
Não há luar ou farol
Não há fruto ou girassol
Há uma dor que me acompanha
Por dez horas nesta montanha
Fechada como um cofre
E assim me afasta do que é nobre
E me põe a sonhar

Quem me dera

Quem me dera ter a voz de meus escritos
A voz que sobreviverá junto aos meus entes queridos
Quem me dera ter a voz de meus escritos
E não tropeçar na sombra dos meus erros seguidos
Quem me dera ter a voz de meus escritos
E cantar aos deuses o que jamais foi dito

Oh, mas as palavras de quem não se revela
São feitas de aquarela
E guardam a real solidão
É um casulo de palavras
Que revelam nossas falhas
Para que um dia possamos inteiros nos revelar

A chuva não cessa

A chuva não cessa
E a fumaça do teu cigarro
Pelos meus dedos se expressa,
Um toque de tristeza
E outro trago de solidão

Mas minhas fantasias são palpáveis
E por entre as tuas viagens
Não quero acordar

E quando desperto
Tento ir mais pra perto,
Mas agora são teus sonhos que vêem a mim

Agora é você quem sonha
Flutua e se desdobra
Passa por entre todas as portas
Da o salto do mudo do leão
Navega por toda imensidão
E se põem em seu altar

E a cá fico eu prisioneiro do compasso
Dando volta em meus passos
Sempre pensando em você

Rouxinol da Alvorada

Rouxinol da Alvorada
O canto teu desperta o astro
Rugindo toma o espaço
E aos céus vem iluminar

Tuas asas são velozes
Mas diferente aos albatrozes
Não traz tormenta sobre o mar

E se a chaga lhe toca o peito
É o sinal que teus desejos
Estão prestes a se revelar

A sombra foge

Acordar sem vida é como ir dormir sem sono
É como a dor do abandono
É a sede quando não se tem alimento
E a água para quem morre de fome

A sombra foge a procura do novo
Pois hoje real é um punhado de dor
Inexistência, oh tu que é o desejo do porvir
Meteoros, bruxas e demônios sempre estão por vir

Bendita seja a morte que carrega a vida em tua foice
Basta!
Bendita seja a vida que nega a morte

Levantai, levantei
Pois a força está no piscar
Está na lágrima doce de cada desejo salubre

Levantai, levantai
Pois as mãos carregam o ar
E erguem aos céus tudo que é nobre