sábado, 20 de dezembro de 2014

Harmonia

Perco-me nesta harmonia
Que exala de meu corpo,
Sem aroma e sem cor
Flutua como bolha de espuma
Para os olhos carregados
Pobre dos meus ombros cansados,
Maldito reflexo
Razão de minha dor

Minha desgraça
É a voz que não se cala
É a nuvem que não para
É tudo que não anda
E tenta me levar

Meu desejo de morte

Meu desejo de morte
É minha fome,
Meu verdadeiro amor,
Meu desejo de morte
É a lembrança do teu néctar
Do teu ardor

Esta chaga em meu peito
Cresce como grama
Na terra prometida
Mas onde estão as promessas?
Onde estás frondosa pepita?

Quem aquecerá o leito?
Quem moverá o peito?
Quem regará a rosa
Que será borboleta?

O mel dos beijos de outrora
Ainda dormem ao véu do luar
Ainda é seu este céu estrelado

Frondosa pepita onde estás?

Logo eu, filho do trágico
Vejo na tragédia a tua paz
Enquanto este pássaro negro
Canta-me: o passado nunca mais

Silêncio!Silêncio!

Silêncio!Silêncio!
Aproxima-se a meia-noite
Já dançam os gatunos
Sobre os telhados alheios
Já uiva o vento
Já reflete o espelho
Mas que diz a intensa meia-noite?

Suspira meu peito
Ao sussurro de tua voz,
Ri os sonhos
Que não querem adormecer
Reina o silêncio
Torna a viver
Mas que diz a intensa meia-noite?

Venha, venha
Lua eterna
A profunda meia-noite se prepara
Seleciona as estrelas
Da forma a nuvens alheias
Alimenta infindos devaneios
Vamos deixar a meia-noite tocar

Contrario

A flor cai do céu
Pois a chuva brota da terra
O fogo limpa o ar
E a chuva me conforta no frio

Teus lábios me escutam sussurrar
Teus ouvidos me dizem “te adoro”

Respiro tua pele
E toco o teu aroma
Sinto tua alma dançar
Os reflexos são a tua imagem

Teus lábios controlam o vento
Teus olhos me dizem “não vá”

Adeus?

Protegei os meus versos
Pois a loucura ainda a de levá-los
Minha loucura é o ópio que te afasta
E não há mentira que me agrada

Não há mais estrelas no céu do oriente
Não há mais nuvens que se tornem contentes
Quero entrar novamente em teus olhos
Mas teus olhos não me olham nem a sombra
Ainda quero agradecer o teu presente
Mas no presente ainda não sei
Se é o passado ou o futuro quem mais me assombra

Bendita sina
Deixe de seguir a trilha de meus passos
Vejo a tua face em todos os lados
Saudade que não há de me deixar 

Saudade ou Carência ?

O que seria a saudade se não um sentimento tão ilusório quanto o amor que teu deus de barro tem por ti, este sentimento só expressa a carência e a falsidade e como um feijão que é plantado sobre o algodão com o intuito apenas de fazer com que cresça para agradas os olhos alheios, pensamos ter a saudade, mas na verdade não vemos à hora de assassinar este projeto de sentimento para inflarmos nosso prazer, somos egoístas, somos individuais, não pensamos no outro se não para erguermos nosso ego, não temos prazer pelo outro se não por nosso próprio prazer, a foto não contenta, pois queremos o toque, a voz não contenta, pois não queremos nada a mais que a carne. O que sentimos então não se trata de saudade e sim de carência, nego-me aos prazeres deste sentimento vazio, a saudade é um vento que não sabe por onde sopra e ela que não ouse bater em minha porta, pois no lar de meu peito não há espaço para o vazio, a verdadeira saudade deveria ser um sentimento único e direcionado somente aos mortos e não se generaliza a todos os mortos