quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Diga

Diga-me se é pecado comparar todo amor ao teu,
Ou se sou eu este ridículo pecado

Este meu desejo está sempre a desejar
Que toda Madonna rasgue meu peito
E plante sobre meu leito
A loucura mais sóbria de meus olhos
Do mesmo modo que tens feito
Ao dar-me tuas costas pra beijar
Noite após noite...

Diga-me também
Se entre os dias haverá um dia
Que me desprenderei de teus beijos de abraço
Para enfim render-me ao colo de qualquer espaço...
Mesmo ele tão vazio quanto a lacuna de meu peito

Não quero a dor por clemência
De um anjo que desde a minha inocência
Tenta lança-me no abismo do delírio da pobre crença

Se há quem fleche o peito
Também há quem possa amar
Se há quem fleche o peito
Também há quem está flecha do meu peito possa tirar

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Lágrimas

Se alguma hora sob meu sepulcro
A lágrima lhe visitar a face
Trague deste sal,
Pois a piedade é um maldito animal
E não quero deste sangue sobre mim

Não há em mim o que mereça do teu pranto
Da cabeça aos pés não há encanto
Não possuo nada que valha o teu pesar

Meu ilusório amor
Também não se ponha a rezar
O inferno é lar de sábios surdos
Que em vida ao amor não souberam escutar

sábado, 9 de novembro de 2013

Amor consanguíneo

Para a volúpia de minha dama branca levei a tua face
Amargo aroma da paixão em coma
Que da morte nasce e nos “acelera” o viver

Muitas vezes para o teu canto tapei meus ouvidos
Agora o teu perdão lhe peço aos gritos,
Tu és razão no meu consciente
Queimando a bandeira do oriente
Pondo-me novamente sobre as águas a caminhar
Deixe-me,
Deixe-me novamente lhe amar
Amor consanguíneo de meu pesar pelo teu ser
Amor consanguíneo de meu pesar pelo teu viver

Dos mortos me tirou quando o teu senhor a vida quis me levar
Deu-me ombros para me apoiar
Sonhos para sonhar
Deu-me o excesso como base para o meu pensar

Tua vida será eterna sobre a minha
Será meu rei e minha rainha
Pois contigo sei a “queda” nunca ira me encontrar

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

tristezas de meu coração

Já chorei todas as tristezas de meu coração,
E não há espaço que estas lágrimas não correram

Sepultei-me mil vezes
E em todas essas vezes
Acabei a despertar com a face nula
No cerne de minha moribunda “ilusão”
Há um par de olhos cegos que me fita
Há uma voz muda que me grita
Há um anseio torpe de minh’alma
Lançando-me para Deus sabe onde

A dor é uma das sombras de meu cansaço
E assim como a lava sobre o aço
Ao poucos enfim serei apenas “um”