segunda-feira, 27 de março de 2017

Entre o ar de pequenos aplausos

Era um regato cujo reflexo não se vê
O aroma não se sente
De uma forma que não pode se tocar
 
O ópio lhe trocava o sangue
A chuva lhe cortava a pele
E nem o diabo queria lhe salvar
 
Por entre o ar de pequenos aplausos
Por entre o globo de olhos luminosos
Na lacuna deixada pelo luar
Em meio ao fim o começo estava lá
 
Flor de todos os perfumes
Ave de todos os vôos
Sol de todas as noites
Amor maior que todos meus amores

terça-feira, 21 de março de 2017

Oh minha doce pátria


Oh minha doce pátria embalsamada em miséria e desgraça,
Onde estão os filhos do solo gentil?
Onde está a gentileza?
Outrora no teu seio nasciam frutos,
Mas agora teus frutos não deixam que teus filhos nasçam,
Oh minha doce pátria,
Tuas aves soberanas foram extintas
E as que sobraram são como ratos e se alimentam de mim,
E assim logo serei extinto.
Oh minha doce pátria,
O teu crescimento é o maior declínio
Tua sede é seca,
E tua fome se alimenta de nós.
Oh Deus!
Onde baterá tuas asas agora?
Onde cantará teu coro?
Talvez tenha desistido de nós,
Eu também desistiria...
A culpa é mera ilusão,
Mas ainda assim me faz chorar.
Sou um cão de testes indo ao psiquiatra,
A dose é forte demais,
Já não lembro meu nome.
Onde estas tu pátria amada?
Ergui teu castelo e agora sou flechado;
Por um guarda cego que outrora beijou minha mão,
Outra foi meu irmão,
Mas agora... Mas e agora?

sexta-feira, 17 de março de 2017

Todas as formas

Como areia se desdobra
E de todas as formas
Arranca-me o palpitar
 
O peito querendo carinho
Outrora vagava sozinho
E agora sorri repousando sob o teu luar

Aos olhos que se abrem pelos raios do teu sol
E contemplam a alvorada antes do primeiro toque
Aos olhos de sol que se abre com teus raios
E energizam o luar como um divino girassol