Certa vez vi
Pelos olhos do lince
Minha sombra deixando-me de lado
Vi nas noites
De cada dia
Meus dentes serem arrancados
Queria eu sonhar não estar acordado
Ah como me dói
Vi a sede faminta
Devorando-me por dentro
Fui escravo de o meu próprio ser
Queria eu apenas morrer
Mas o golpe me era negado
Peregrinava vazio e calado
Queria eu sonhar não estar acordado
Ilusão que me destrói
E do “vazio” o lince me trás
Suas luas flamejantes me fitam
Agora parte ronronando
Segue procurando
O próximo moribundo
Que queira enxergar
E eu a cá fico
Ao álcool ou ao grito
De fronte com o meu terror
Glória ao lince negro
Que me revelou o segredo
Glória ao lince
Glória ao lince que me trouxe
Toda a dor!