sábado, 28 de setembro de 2013

Credor

Seria eu credor ou credor de um amor ágape?
O coração já correu o corpo inteiro
Agora para tremê-lo sobre as mãos cansadas,
Fiz da fadiga minhas vestes,
Mas creio que antes de perecer
Antes mesmo do veneno de Julieta tomar meu ser
Provarei deste amor divino,
Amor que me recuso a entregar aos deuses
Blasfêmia?Podes chamar do que quiseres
Mas a um deus não será entregue
Entregarei aos olhos de sol que se acham amaldiçoados
Entregarei aos olhos de lua que meus sonhos tornaram cortados
A qualquer flor com pétalas de pedra que desabrochar sobre o gelo

Amor est sola deitas!

O que seria?

O que seria a felicidade se não uma paixão
Uma dor suave e lenta, uma maré que nos transforma,
Uma esperança que nos devora

Pela felicidade entregamos nossas almas para os cães
Matamos e morremos,
Deixamos o mundo em qual vivemos
Pela simples necessidade do regozijo

Mas assim como o ar também nos enche o peito
Nos trás infindos devaneios,
A felicidade é uma madona sobre as rochas a cantar
Uma seria cantando em meio a todo este imenso mar

Somos eternos escravos de nós mesmos

4

Vi na fronte o selo atroz
E os olhos que fitavam o toque manso
Agora fogem como um animal veloz

Não há toque na lembrança
Nem mesmo na poeira dos passos,
Ó este interminável nó dos teus laços
A chuva vai pouco a pouco trasbordando a memória

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

As cores

Nem Apolo poderia prever como “minhas lágrimas”
Iram desprender-se de meus olhos,
Por anos ficaram secos como o norte de meu país
E agora é um dilúvio a cada palpitar de meu seio

Minha mente se tornou inimiga de minha sobriedade
Tornou-se um labirinto de feras depressivas
Ora querem o ninho, ora procuram um osso,
Ora o seio da irmã trás a volúpia
Ora até mesmo a morte é um desgosto

A cada toque de tinta sobre o quadro branco
É uma pincelada a mais sobre o céu
Uma loucura em degrade, tanto de cores como de sentimentos.

Dança o azul com colar de perolas e anéis de amor e paz por todos os dedos, feliz como o mar refletindo a lua.
Esconde-se timidamente o preto sobre os cachos de tua mãe noite
Agora é o branco quem nos ofusca com sua luz no centro do caminho, mas lá no fundo se acha pobre de beleza e comum como teu irmão cinza
O amarelo trás a força da aurora e de teu pai o astro dos astros
O vermelho é um giz de cera e poder sobre o vago infinito
E neste carrossel nos pegamos novamente a dançar como o primeiro dos filhos

Pergunto-me se a fantasia é produto me meu cerne
Água e poeira, combinação ou cegueira?
Só sei que desta maravilha não quero nunca deixar de lembrar
Como eu haveria de amar se ampolas nunca precisassem virar...

O peso e sua voz

Este meu pulso agora é negro
E pulsa com o teu fardo
Pulsa rasgando as horas enquanto o bardo
Dança nas lembranças da noite

Soldado da voz oculta
Mariache das mãos cruas
Trovador de tantas luas
Valdevino da terra da luta

Após tantas horas
Coloco o pulso e o fardo a descansar
É tempo de novas histórias
Chegou o tempo de o teu pulso tomar o teu verdadeiro lugar

sábado, 14 de setembro de 2013

Anseios e dádivas

Bocejava a noite ao leve sono de nossas lágrimas
Desprendiam-se estrelas e os anseios foram minhas dádivas
O astro com teu sorriso cortado foi mister de nossa ligação
Pelo teu canto senti os teus lábios, teu aroma e tuas mãos

Por ti deixaria os devaneios e me punha a navegar
Por ti deixaria minha sina e viveria a lhe amar
Ouviria o canto das serias da odisseia
Seria eu “homem” a fitar os passos de uma vida “séria”

Porem meus devaneios despertam aos teus beijos
Beijos que em sonho sonhei beijar
Sonho, devaneio que nunca almejei largar,
A cada toque um suspiro
E minh’alma se tornava sorriso
As estrelas também foram nossa trilha
Enquanto a lua e suas filhas
Choravam ao nos fitar

Ainda hoje teu aroma me trás o palpitar,
Ainda hoje a febre torna a me queimar

Provei meu senhor do melhor da noite
Mas a este prazer não posso me algemar
Afrodite é livre e fonte infinda de amor
Mas serei eu amaldiçoado em dobro
Se não deixar meu amor amar

2

Esta tua “diferença”,
E na noite a eloquência
Ambas tão belas quanto às flores que lhe cobrem
Mel de gim que por ciúmes não quero que provem

Oh Eva por tua sombra tenho eterno deleite
Em tuas mãos quero ser o enfeite
Quero ser como sangue no caminho que te corta
Ser como o teu olho que vê o mundo sobre a “linha torta”

Rouxinol do mundo moderno
Ave de neve e algodão cujo canto é eterno
Anjos e deuses deitam sobre as nuvens para lhe ver

Os negros fios que lhe cobrem
São como devaneios para todos que dormem
São porções de tudo que não pode morrer

sábado, 7 de setembro de 2013

Poeta

Minha cabeça é um interminável poema, não sei outra língua se não a divina das musas. Sou poeta, só poeta, nada tenho e nada me deram, não me calo, o mundo ouvira minha voz, ela ira alcançar o escuro céu e o claro inferno, soara meus versos e meu nome, honrarei Alves, Assis, Pessoa, Barreto, Bocage, etc. estes, eternos inquilinos de meu peito.
Da saudade e da dor sou porta voz, extraio dos sonhos o melhor dos teus aromas, do sorriso, dos olhos e da pele das rosas alheias me tornei escravo. O sentimento é como a arte, e ambos são recebidos da forma como são entregues, deve se viver intensamente, se entregar loucamente, para assim poder ter sentir, sentir o sentimento verdadeiro, para então assim ver por entre a porta.
Sinto o mundo com a força das linhas de meu caderno, com a força da tinta que desenha minha voz, tinta que desenha a beleza tal como é, meus olhos são dois telescópios e só podem enxergar além.
O pai me ignorou a arte e as palavras, olhos e abraços, lançou-me ao vento, mas nem isso foi capaz de calar o meu dever, nada pôde e nada vai me calar, antes a morte que a desonra. Nasci somente para sofrer e sofro somente para amar. Nasci poeta e poeta morrerei.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Adeus

Não chores minha dama frondosa
Se souberes que morri,
Também não quero que rias
Pois saiba você, também não vivi

Fui eu ave errante
Semeador das infindas lágrimas,
Minha desgraça foi meu deus,
A terra, os céus e as águas

Prazeres, o que são?
Destes nunca vi a fronte
Nem mesmo aqui nos círculos da fonte

Prazeres, onde estais?
O ultimo suspiro se aproxima
Queria eu não ter a desgraça como sina