quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Onde estão os devaneios?

Banhe-me Orfeu,
Pois meus olhos sangram
E meu corpo carece do imaginário
 
Há um nó em minhas veias
Cujo minhas mãos atrofiadas
Rompem-se ao tentar desfazer
 
Onde estão os devaneios?
 
Talvez os sonhos estejam adormecidos
Ou aprisionados pelo real,
Pois na mente de toda existência
Habita algo torpe e insaciável

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Cambraia

Ao cair da noite você vem
Com teu vestido de cambraia,
Teu brilho reluz como o astro na deserta praia
E ofusca até mesmo o divino luar,
Meu peito palpita ao lhe avistar...

 
E ao som incompreensível de toda explosão
A seda balança,
Move-se como os pés em uma dança
E cintila, pois não pode se apagar
Ofuscando assim até mesmo o divino luar,
Meu peito arde ao lhe avistar...

 
É sempre bom lhe encontrar

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Na Busca Aérea


Na busca hora aérea,
Hora submersa
Pelo âmago da loucura
O ser se vê cercado por abelhas carnívoras
E flores veganas
Na selva do sonho oculto.
“Despertai, acordai”
É o som que emite o cerne do ser a cada palpitar
Escutai e lembrai,
Pois a voz que fala, também se cala
E Sobre o silêncio serás apenas tu e o eco
Revezando um divã qualquer...
Em lugar nenhum.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Até Quando

Uivei, rugi,
Mas não Fugi,
Pois o trovão que ofuscava minha aura,
Foi o mesmo que me fez despertar,
Bendita percepção que me abrem as portas.
Oh, mas a brasa ainda fere os pés alheios
E o povo que era guerreiro se põe a chorar,
Teus símbolos e sinais agora são falhos
Pedras ao vento na esperança que acerte alguém...
Ou algo qualquer que lhes traga esperança.
Vejo a distância uma sombra medrosa que se refugia
E o povo que outrora cantava agora tem agonia... Do próprio reflexo,
Castelos se erguem alimentados pela fome,
O cajado que outrora dividiu agora reluz solitário
Malogrado o povo novamente chora,
Na esperança de um dia abrir as portas de casa.

A Criatura

Sorriu assustada a pobre criatura solitária
Ao encontrar seu semelhante,
Aos berros indecifráveis
O eco confuso vagava pelos cantos da própria
Loucura tentando repousar,
Mas já era de virar a ampulheta,
E assim se foi um luar sem a divina lua.

Oh mas para onde foram os abutres,
Talvez até a morte se canse,
E assim a criatura prolifera,
O riso se torna fera
E o eco quase não pode mais falar,
Mas já era hora de virar a ampulheta,
E assim se vai um dia ensolarado sem o divino sol.

A criatura agora não sabe diferenciar a própria sombra,
A chama que dança lhe assombra,
E tudo que queria era o silêncio escutar,
Mas este assim como o eco partiu para bem longe,
Para onde a criatura não pode alcançar.