sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Penumbra reluzente

E ao despertar com rosas sobre as garras deparo-me com o uivo de gatunos carentes, com a miado de cães sem identidade e com o latido de Deuses ateus e sedentos por fé ou qualquer penumbra reluzente

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Revivendo o passado

Meus olhos não carregam mais a fantasia do imaginário
Quem fica no presente acaba revivendo o passado
Marcado por pernas e braços
Nas pernas e nos braços
Ando em espinhos buscando me costurar
Não a dor nas manchas
Mas nas lembranças que ouso não apagar

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Os dias terríveis

Os dias terríveis voltaram
Não há mais hora marcada para a cura da chaga
Não há mais a fumaça que se fazia nuvem

Os dias terríveis voltaram
Não há mais conchas no leito
Agora só há desespero
E uma dor que não se faz segredo
Sem hora pra acabar

Sorrisos movidos por culpa
Não importa o sol sempre ha chuva
E o desejo de não mais acordar

terça-feira, 9 de julho de 2019

Abro as feridas que não fecham

Abro as feridas que não fecham para monólogos de solidão em um divã com minha sombra,
as lágrimas surgem junto ao sol e se vão antes dele,
para que a penumbra não afete o já afetado,
não sou apenas eu,
não é apenas uma voz que recita dores
não sou apenas eu,
mas o que serei ao ultimo toque desta sinfonia fúnebre?
outrora haviam ombros, hoje apenas ópio
outrora tragava com a chama apagada, 
agora queimo meus dedos esperando o que não chega...
mas já vejo a hora derradeira, rasgando os céus e levando minha companheira, 
doce camaleão da paisagem universal...
lhe aguardo em nossa próxima sessão;

sexta-feira, 24 de maio de 2019

quando o sol não nascer

Quero chorar as lágrimas que troquei por falsos sorrisos
quero de volta meu reflexo que se foi quando a luz apagou,
quando a musica cessou,
ainda tenho as cicatrizes das falsas lembranças
ainda danço sob a trilha ilusória de mudanças
interrogo minha sombra no divã
são iguais o hoje e o amanhã
quando o sol não nascer enfim a chuva poderá a noite levar

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Por entre batidas

Por entre batidas de tambores sabáticos e dessincronizados, raios caem sobre o vale da juventude embalsamada, fuzis disparam gin, rosas e outras drogas não tão belas, e pelo olhar noturno de uma aquarela fúnebre e já esquecida, desperta um herói já morto, de plumagem sem plumas, de brilho oculto e com o grito selvagem do animal mudo e selvagem.

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Sinfonia fúnebre

Minha sombra se perde na maré das luzes não palpáveis, bebo então meu próprio sangue, e assim se  vai meu reflexo, onde estarei ao final desta sinfonia fúnebre? 

sexta-feira, 29 de março de 2019

Não há razão para abrir os olhos no limbo

Houve um tempo em que sonhei (sonhava) como muitos de vocês, 
mas agora faço parte da penumbra 
de um poço sem fim ao qual caio sem poder me segurar, 
entrego-me a rezas e blasfêmias, 
a tortura de uma alma moribunda e enferma, 
suplico a quem nunca pôde me ouvir, 
não há razão para abrir os olhos no limbo...
mas meu sonho em queda livre é apenas voltar a sonhar.