sábado, 31 de agosto de 2013

O coxo

O diabo coxo perdeu tua bengala
Lançou-se na fornalha
Mas teu espírito frio
O impediu de se queimar

A tristeza lhe negou lágrimas
O povo lhe devolveu dádivas
Não a mas nenhum ombro para se apoiar

A noite agora é só um dia sem luz
Nem o tesouro dos céus agora Reluz
Morcegos e corujas já podem caçar

Ao soar do sino da mente ilusória
Fecham-se as portas da escoria
Para enfim poder regressar

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Imaculado

Por que me fecha os olhos aurora?
De todas as horas escolheste logo agora
Maldita hora para me cegar

Não sei viver sobre o breu
Sonhar ou ser eu
Você é a trilha, a estrada
Aurora boreal desta vida apaixonada
Ó minha inspiração imaculada
Minha vida agora é nada
Sem os teus tornados para me guiar

Sou gêmeo sem par
Uma balança sem o que pesar
E como ahasverus, não posso me entregar

Queria ter eu uma luz como a tua
Poder ser estrela, ser bela como a lua
Mas nem mesmo aos braços da vida posso me apoiar

Sobre o meu leito todo o meu ouro
E você meu tesouro
Deixa-me pegadas dizendo
Já se foi tudo, pode fechar

Peço aos deuses somente piedade
E que mais tarde me doutrinem somente a amar

Letese

Despediu-se o bom dia
Levando em doses minha alegria
Deixou-me na mente o “nunca mais”

Banhou-se no letese
Rio afogado que tudo esquece
Fez do mensageiro a tragédia do “rapaz”

Nesta hora peregrina
Sem perguntar a um deus a sua sina
Mas com sorrisos pisa nos passos do “jamais”

Hoje não vejo minha face
Queria eu  que o sangue não falasse

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Balanço de fogo

É satã quem me empurra
No balanço de chamas,
Ó loucura,
É tu a ofensa que já me foi amor

Nestas idas e vindas
Tive desdém do meu próprio reflexo
Tentei por varias vidas achar nexo
Mas nem mesmo a voz do céu acalma este senhor

Sou o que não sei
E todos sabem quem eu sou
Sou o que sei
E ninguém sabe quem eu sou

sábado, 10 de agosto de 2013

Os lordes da noite

Na taverna os lordes bradam, Rugem,
A volúpia parte das taças abarrotadas,
Brindemos a um deus Pã.

Do próprio sangue nos trás o ópio,
Do próprio nome nos trás o deleite
Brindemos a um deus Pã.

Insanidade, eloquência,
A fumaça densa trilha o áspero caminho,
Amargo vinho que nos rega
E para a morte o beijo não se nega

Boemia que nos tem de regresso,
Expresso que nos lança o regozijo
Como a bala de uma garrucha sobre o peito
Para assim cavalgarmos nas ondas no excesso

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Alvorada

A fera heroica “desperta”
E como um assassino que caça o sol,
Busca uma lança, uma corda qualquer...
Busca despertar

A penumbra do leito,
Uma meiga usurpadora sem respeito,
Transtorna o ser,
E assim como um besouro enjaulado,
Vai morrendo aos poucos,
Faz agora do chão o seu sepulcro
Enquanto aguarda o deleite...
O verdadeiro despertar

Excesso

Atiro-me ao abismo,
Dante me espera
Com seus olhos flamejantes de fera,
A sombra dos homens uiva
Como se não houvesse fim

O excesso é a base

terça-feira, 6 de agosto de 2013

All


Você foi embora e me deixou a carência,
Amarga ausência,
Deixou-me gotas de orvalho para regar a saudade
Adorável “gigante” da pequena maldade

O teu disco negro ilumina meu leito
Sacode anjos mancos e leigos em sentimento
E os ensina junto ao moribundo a arte de chorar

Arrasta-me pela penumbra de lugares alheios
Livrando-me de velhos guerreiros,
Tua pele da luz ao meu olhar

Mas hoje você retorna para tua sala
Lugar que para mim é uma imensa vala
Lugar onde não posso-lhe tocar

Inferno que lhe aprisiona
Queria eu poder te libertar

O que farei com minhas fichas?
E todas essas armadilhas? Já nem sei onde pisar
Quando você partiu levou meu chão,
Meu sustento,
Todos são estranhos, e não importa o momento,
Eu só quero lhe encontrar