domingo, 10 de setembro de 2017
Animais a deriva
Somos animais a deriva em uma jangada furada, devoraremos até mesmo a
sombra do próximo para nos mantermos de pé, somos o ponto preto da
terra, somos a mancha que cobre a terra, nossa alegria vem em doses
diárias, embalsamadas sobre aquilo que nos destrói, nossas fadas são
demônios, nossos deuses miseráveis, nossa fome tem sede e nossa sede não
tem onde se afogar, qual é a estrada para o caminho incerto? Pois este
que se diz correto só quer nos apunhalar , chove facas, venta flechas e
espadas e a proteção das muralhas é uma ilusão que já não cabe em nosso
olhar. Há sangue nas ruas, uma areia movediça de sentimentos
impróprios, logo o sol esfria e a noite esquenta, logo a garrafa se
cansa e arrebenta, no labirinto de nossas cabeças a salvação é não
acordar.
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